segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Rio de Janeiro continua lindo, mas...


O blog ficou sem atualização por uns dias, pois fui ao Rio fazer um curso. A cidade é realmente maravilhosa, não temo usar o lugar comum. O Rio Antigo é de babar, com conjuntos de prédios históricos que se estendem por várias quadras. Como o curso durava o dia todo, sobrava a noite. Em uma janta no Amarelinho, bar tradicionalíssimo, fica-se rodeado pelo Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional, o Centro Cultural da Justiça Federal e outros belíssimos. Isso sem contar o preço. Frutos do mar são pratos comuns e baratos. Comemos anéis de lula à milanesa, porção monstro, por R$ 18,00. E uns pastéis colombianos, com massa de farinha de milho (fica crocante, saboroso, bem interessante), recheados com camarão, carne seca ou frango, por R$ 10,00 a porção com dez. Outro ponto a favor é que qualquer lugar tem chope escuro, uma coisa rara em Porto Alegre.

O bairro do Saara ficou famoso em todo o país por ser o cenário de um dos núcleos da novela "Cobras e lagartos", da Globo. São muitas ruelas lotadas dos produtos que a gente imaginar e vários restaurantes de comida árabe, fora as barraquinhas na calçada com lanches como quibes e esfihas e doces à base de delicadas massas folhadas, mel, nozes, tâmaras. No horário do almoço, para "baixar a comida", como diz minha vó, caminhada obrigatória, até porque era só atravessar a rua.

A rua do Lavradio tem um conjunto arquitetônico lindo. Isso que eu só vi à noite. De área decadente, transformou-se em point, com mais de 20 bares e restaurantes. O mais famoso é o Rio Scenarium. Em cada piso, um tipo de música. Como estávamos a fim de algo mais barato, fomos ao vizinho Santo Scenarium, que é dos mesmos donos. Fica em um casarão de 1890 que já teve como moradores João Caetano e sua esposa. Foi também uma delegacia, citada no livro "Xangô de Baker Street", de Jô Soares. A d
ecoração é muito interessante, de paredes com tijolos aparentes e anjos e santos por todos os lados, coleção dos donos. Um anjo barroco de madeira de cerca de 1,5 metro pende do alto, imponente, domina o lugar. No mezanino, uma mistura de cadeiras e chez longues de vários estilos e padronagens dividem o espaço com mais santos e anjos e luminárias antigas e modernas. Muito bonito e comida de preço honesto, embora não muito boa. O arroz com cogumelos era simplesmentes arroz misturado com cogumelos em conserva... O salmão como molho de mostarda estava bom, mas, sejamos honestos, alguém precisa de muito talento para estragar um salmão. Fiquei com grande expectativa em relação ao pastel com recheio de brie, mas também não aprovei. Massa pronta muito salgada e pastéis que passaram do ponto na fritura. Também achei grandes demais. A porção poderia ter mais pastéis de tamanho menor.

A travessa do Comércio ou beco do Telles, junto com outras ruas muito estreitas ladeadas por construções do século XIX início do XX, forma um conjunto inigualável. Disseram-se que em uma daquelas casas viveu Chiquinha Gonzaga. As casas hoje abrigam restaurantes de diversas tendências, bares, danceterias e botecos. As mesas ficam também no meio das ruelas.
Como nos outros lugares em que fui no Rio, o antedimento é ruim. Os garçons são desatentos, muitas vezes mal-educados. E um deles estava bêbado, mas, para quem é de fora (e parece que para boa parte dos cariocas), isso faz parte da cor local.

Eu tinha intenção de, em um momento de intervalo do curso ou no domingo, quando teríamos tempo livre à tarde, fotografar o beco. Aí entra o "mas" do título desta nota. Entre o hotel e o local do curso, fui assaltada. Levaram a bolsa (minha bolsa linda e grande de couro azul-petróleo!) com câmera fotográfica, carteira, óculos, MP3, etc. Fui vítima de outro lugar comum do Rio: a violência. Não fui machucada, os dois assaltantes nem escostaram em mim, mas quem passou por isso sabe o sentimento de impotência, indignação e fragilidade que nos assola. Poderia acontecer em qualquer lugar? Sem dúvida, mas aconteceu no Rio.
O blog é sobre comida e o máximo de relação aqui é que eu devo ter comido mosca andando pelo Centro. Mas vou falar sobre o assunto em outro momento, pois a polícia do Rio merece uma postagem à parte.

A primeira foto é de Gdevivas e mostra o beco do Telles, tendo ao fundo a Igreja da Lapa dos Mercadores. Ele tem fotos fantásticas de igrejas do Rio (www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=378687). As outras são da Cris Lemos: o anjo onipresente do Santo Scenarium e a Lavradio à noite.

4 comentários:

Rosamaria disse...

Rosane

Voltei ao passado, quando íamos ao Rio todos os anos. Muita cerveja tomei no Amarelinho.
Tu fizeste uma ótima descrição de tudo. Infelizmente a violência é notícia sempre na cidade maravilhosa e não te livraste dela.
Bjs.

Rosane Vargas disse...

Rosa, realmente foi uma pena, pois o fato conseguiu tirar muito do brilho da viagem, do curso, que foi muito bom, das pessoas que revi e conheci. E outras pessoas que fizeram o mesmo curso foram assaltadas, no mesmo dia, poucas horas depois, quase no mesmo lugar.
bjs.

ninguém disse...

Rosane, eu amo este centro histórico do Rio. A Biblioteca Nacional é um mundo pra se ficar dia todo. Que saudades de ir até lá! A praga é esse desmando total na cidade. Há alguns anos, andava por lá de ônibus, na boa. Agora, não teria mais coragem e a pé só em grupo. Tô covarde.
bj

Rosane Vargas disse...

Maris, infelizmente, não se vê policiamento, e a polícia sabe os pontos "preferidos" dos assaltantes. Daria para fazer belos passeios, incrementar o turismo, etc., mas está abandonado. Tbm tô covarde.

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